Um grupo de experts reunidos pela Sociedade Internacional de Neuromodulação atualizou neste ano o consenso com A atualização das diretrizes sobre a administração intratecal de medicamentos representa um avanço importante na medicina da dor. O documento, publicado na edição de fevereiro da revista Neuromodulation: Technology at the Neural Interface, traz recomendações mais modernas e seguras para o manejo da dor crônica e refratária.
Até então, a última atualização havia sido feita em 2012. Desta vez, o consenso envolveu especialistas internacionais e resultou em 32 tópicos, todos fundamentados em rankings sistematizados de evidências científicas, o que garante maior precisão clínica e segurança no tratamento.
Segurança e personalização no tratamento da dor
Um dos pontos centrais do novo consenso é equilibrar duas questões contrastantes:
- A alta incidência de dor não controlada em diferentes populações.
- O risco de dependência e efeitos adversos relacionados ao uso de medicamentos.
Por isso, as diretrizes recomendam que as doses iniciais sejam as mais baixas possíveis, proporcionando alívio sem aumentar o risco de complicações. Além disso, reforçam a importância de adaptar o tratamento às necessidades individuais de cada paciente, abandonando protocolos rígidos que não consideram a singularidade de cada caso.
Essa abordagem está em sintonia com o princípio da medicina da dor, que valoriza terapias personalizadas, minimizando riscos e ampliando os benefícios.
Por que as novas diretrizes são relevantes
A atualização garante que médicos e equipes multiprofissionais tenham acesso a recomendações mais claras e embasadas, o que resulta em tratamentos mais seguros, eficazes e direcionados.
Na prática, isso significa:
- Mais qualidade de vida para pessoas que sofrem com dor crônica ou refratária.
- Menor risco de complicações, como dependência de fármacos.
- Acesso a evidências científicas atualizadas, que orientam melhores escolhas clínicas.
Assim, o manejo da dor passa a ser feito com maior respaldo científico, reduzindo incertezas e oferecendo alternativas confiáveis a pacientes que muitas vezes já tentaram diferentes tratamentos sem sucesso.
Administração intratecal: quando é indicada
A administração intratecal de fármacos é considerada quando a dor não responde adequadamente a outras terapias, inclusive medicamentos orais ou intervenções menos invasivas. Nesse método, pequenas doses de medicamentos são aplicadas diretamente no líquido cefalorraquidiano, atingindo os receptores da dor de forma mais eficaz e com menor exposição sistêmica.
Esse tipo de tratamento pode beneficiar pacientes com:
- Dor neuropática de difícil controle.
- Dor oncológica refratária.
- Condições crônicas em que tratamentos convencionais não trouxeram o resultado esperado.
Cuidar da dor é cuidar da vida
A dor persistente não afeta apenas o corpo. Ela compromete o sono, a produtividade, a vida social e o equilíbrio emocional. Por isso, ter acesso a diretrizes atualizadas fortalece a prática da medicina da dor, permitindo que médicos e pacientes caminhem juntos em busca de soluções eficazes e seguras.