Editorial
Estamos todos estarrecidos com as notícias vinculadas na internet sobre o estupro de uma parturiente promovido por um médico anestesiologista, recém egresso de sua residência médica. Fato condenável, esperava um posicionamento mais firme e adequado do Conselho Federal de Medicina, mesmo sem este órgão ter acesso a todas informações.
Contra imagens não há argumentos e portanto, nenhuma defesa.
O fato é que esta notícia coloca em posição constrangedora os milhares de anestesiologistas que trabalham de forma séria neste país, participando ativamente do momento maior de um casal que é o nascimento de um filho. Vivi esse sonho de casal inúmeras vezes como anestesiologista. E como pai também.
Sei o quão importante é termos um anestesiologista na cabeceira passando segurança, confiança além de sua função primordial que é promover o alívio da dor.
Na anestesia para partos, raras são as situações onde precisamos sedar uma gestante. Saibam que a maior satisfação do anestesiologista é manter a mãe totalmente lúcida para que a mesma tenha boas lembranças do nascimento de seu filho.
Sobre comentários de jornalistas alguns merecem esclarecimentos. Em toda cesariana há presença em tempo integral de uma equipe integrada por dois obstetras, pediatra, anestesiologista e enfermeiros(a). A possibilidade da parturiente ficar em posição vulnerável é mínima. O que se passou é um desvio de personalidade deste médico que promoveu um crime contra toda a sociedade. Colocar pessoas dentro de uma sala cirúrgica, além do tempo do nascimento da criança, traz mais problemas que benefícios. Pergunte àqueles que trabalham nas salas cirúrgicas, quantas vezes viram acompanhantes que não são da área de saúde passarem mal durante uma cirurgia?
Concluo que nosso colega anestesiologista andou pela contra mão: ao invés de promover conforto e analgesia, abriu uma ferida de difícil cicatrização na sociedade e na classe de anestesiologistas.
Charles Amaral de Oliveira – CRM 78024 SP
Médico Anestesiologista e Intervencionista de Dor