Pessoas que sofrem com dores persistentes costumam ter dificuldades para manter amizades e ter uma vida social ativa. A dor crônica muitas vezes gera na pessoa uma sensação de isolamento difícil de se superar. No post de hoje, nós vamos abordar a importância de se preservar a vida social e compartilharemos algumas dicas para que a dor não impeça este processo.
Há diferentes motivos pelos quais a dor crônica atrapalha as amizades. Um deles é a percepção de que não é mais possível acompanhar os amigos, que são mais ativos por não estarem sofrendo com dor. Outro aspecto que costuma incomodar é quando a pessoa se sente na obrigação de ter que explicar a toda hora para as pessoas o que é que ela está sentindo. As perguntas não parecem ter fim: “como você ficou com essa dor?”; “como está indo o seu tratamento?”; “mas ainda não teve nenhum resultado?” – isso quando não surgem os questionamentos do tipo: “será que isso não é coisa da sua cabeça?”.
Diante de tantos questionamentos, muitas vezes a pessoa que sente dor se cansa de dar as respostas e acaba preferindo ficar em casa, deixando de lado cada vez mais a sua vida social. O problema é que esta atitude, se a curto prazo evita certos aborrecimentos, acaba trazendo prejuízos a médio/longo prazo. A pessoa começa a se isolar cada vez mais, perde contato com aspectos importantes de sua vida, gerando desesperança, frustração e quadros de depressão.
Mas o que fazer então?
Sabemos que manter as amizades nesta situação não é uma tarefa fácil. Por isso, escrevemos aqui algumas dicas que possam ajudar nessa tarefa.
Antes de tudo, é importante lembrar que a dor não é algo que as pessoas possam ver, portanto é sempre difícil para o outro entender exatamente o que estamos sentindo. Em casos de dor crônica, isto se torna ainda mais difícil. A sociedade ainda não compreende bem o que acontece com a pessoa que sofre com dores persistentes. Com isso, partimos do pressuposto que é muito difícil mudar os outros – talvez o ponto de partida ideal para lidar com a questão é mudarmos primeiro a nossa própria atitude em relação ao problema.
Uma boa atitude pode ser buscar ativamente os seus amigos – não espere que os outros corram atrás de você, tome a iniciativa – escolha as pessoas que realmente importam para você e entre em contato com elas. A tecnologia ampliou muito as nossas possibilidades nesse sentido: e-mail, whatsapp, telefone, carta, pessoalmente – mesmo que sejam pequenas e simples, as conexões podem ser significativas para sua vida.
Para quem não tem dor crônica é realmente difícil entender exatamente o que você está passando. Antes de tudo, pergunte-se se realmente vale a pena explicar para a pessoa o que você está vivendo. Se for importante, aos poucos, você poderá deixar o seu amigo ou familiar a par dos desafios vividos por você. Cuidado para não despejar todos os problemas de uma só vez o que pode cansar tanto você quanto o seu interlocutor, gerando uma impressão ainda maior de que o seu caso não há solução.
Muitas pessoas se sentem mal por querer ajudar, mas não saber como. Neste sentido, você mesmo pode deixar claro se precisa realmente de alguma ajuda e falar como seria a melhor forma de a pessoa ajudar.
Planeje atividades que sejam possíveis de você realizar. Lembre-se que fazer coisas demais podem te sobrecarregar e prejudicar atividades futuras.
Quando estamos com dor, costumamos prestar mais atenção nas coisas que deixamos de fazer pela dor. Quando estiver com seus amigos, procure também valorizar as coisas que você consegue fazer, os aspectos que são importantes em sua vida e que você preserva e valoriza.
Para salientar ainda mais a importância dos relacionamentos humanos na saúde física e mental das pessoas, deixamos aqui a dica de um vídeo: trata-se de uma palestra oferecida pelo psiquiatra Dr. Robert Waldinger, diretor do mais longo estudo sobre desenvolvimento adulto, feito pela Harvard University. Segundo ele, o aspecto mais importante para gerar felicidade e saúde não é o dinheiro, ou o sucesso, mas as conexões sociais. Para assistir o depoimento de Dr. Waldinger, clique no link: https://www.ted.com/talks/robert_waldinger_what_makes_a_good_life_lessons_from_the_longest_study_on_happiness?language=pt
Como fontes para este artigo, foram utilizados dois textos publicados em blogs estrangeiros. Para conferir os textos em inglês, clique nos links: